terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Calão


Em dueto de cores
Branqueado pela afeição
Como uma inclinação
Em opinião de coragem

Cresce o ébano
Num timbre púnico
Vivo de lamurias
Diligente de pranto

Exequível em sanar
Mítico de seu
Mestiço de mundo


Cordas


A harpa quebrada não toca mais
Não há mais caprichos a quebrantar
Nesta harpa de cordas dobradas

Não há mais música a tocar
Findaram os toques de lábia
Nestas melodias macabras

Nasce um instrumento morto
Morre a alquimia sacra
E sem menos nasce o quebrato

Igrejário


Com guerrilhas de afeição

Divido territórios e domínios

Mas quem me domina a mim?


Ergo altares, canto preses

Faço de mim religião

Mas quem tem fê em mim?


Fronteiras ao alto

Espadas em riste

Mas quem me domina a mim?


Ingénuo para enganos

Crédulo de delírios

Onde está a fé de mim?!

Medos

Quando a luz da noite vem

A voz voa mais além

Os murmúrios vagueiam

Por entre cada nota

Eu tento, juro que tento!

Mas cada grão, escapa-me..

O meu anel. O teu anel.

Somos tão paradoxais

Somos tão diferentes

Eu tão presente, tu tão ausente!

O que era tão ténue

Descaracterizou-se

Eu baixo armas

E tu?Baixas a mascara?!

Eu tento, juro que tento!

Mas cada gesto prende-me

O meu anel.O teu anel

Uma troca perpetua

Inicio ou fim?

Um ponto em aberto..